Monday, August 18, 2014

O resultado de escolas sem directores e professores


É SABIDO que a escola e outras instituições desempenham um papel fundamental na formação do homem visto que participam no processo de socialização (que parte da família) e, para que dentro de um curto espaço de tempo as crianças sejam capazes de ler, escrever e agir de forma adequada, a sociedade precisa indispensavelmente da ajuda do professor e dos restantes actores do processo de ensino-aprendizagem.
A educação proporciona instrumentos necessários para equipar os indivíduos de conhecimentos e competências que lhes permitirão ser capazes de definir e perseguir seus objectivos individuais e sociais permitindo que eles participem na comunidade, fazendo a sua parte para melhorar as suas condições e as da sociedade em geral.
Nessa ordem de ideias, esperava-se que a nossa educação fosse capaz de responder as novas demandas ligadas ao desenvolvimento e globalização. Mas, infelizmente, os resultados finais mostram o contrário dos objectivos propostos e como todo efeito tem a sua causa, penso que o não alcance dos resultados esperados por cada aluno pode ser causado pela falta dos seus actores.
Era suposto que qualquer aluno terminasse o ensino básico com capacidades de reflectir sobre a realidade, de ser criativo com vista a intervir contribuindo para o desenvolvimento da sua comunidade e que qualquer graduado do ensino básico soubesse ler e escrever para que possa comunicar oralmente e por escrito de forma clara.
Porém, há um conjunto de factores que vai contribuir para que não se possa atingir o sucesso educativo mas, este presente texto reflecte em torno daqueles que considero como sendo os principais responsáveis pelo processo de ensino-aprendizagem nas escolas: Director da Escola e Professor.
Um dos grandes problemas pode estar ligado com a própria gestão da escola. Muitos dos directores escolares (ou mesmo todos) não foram formados em matéria de gestão escolar ou educacional. Simplesmente foram professores durante muitos anos e com o tempo promovidos até ocuparem o cargo de gestor sem a devida qualificação.
Assim sendo, arrisco-me em dizer que a gestão escolar está entregue a pessoas incapazes de produzir e desenvolver actividades que possam enfrentar um problema de grande complexidade como ampliação e melhoria de qualidade de ensino e há carência de aperfeiçoamento e capacitação desta camada por parte dos responsáveis.
Ora vejamos, se um director não está preparado para a gestão de mudanças na educação, não sabe fazer um planeamento estratégico e nem sequer sabe desenhar um projecto educativo penso que fica claro que haverá má eficácia na gestão escolar e consequentemente os alunos serão afectados negativamente, porque tudo parte do topo.
Por seu turno, os professores têm executado as suas tarefas com fraca motivação devido a vários factores e um deles é a baixa remuneração que gera falta de comprometimento com a sua função, fazendo com que em alguns casos eles se tornem turbos, isto é, dão
aulas em muitas escolas. Como consequência assiste-se uma deficiência na eficácia e eficiência do processo de ensino aprendizagem visto que esses professores pouco prestam apoio pedagógico aos alunos que apresentam dificuldades e não se preparam fortemente para as aulas devido a falta de tempo.
Era suposto que esses dois actores (gestor e professor) fossem capazes de elaborar um conjunto de estratégias e actividades concebidas a realizarem-se na escola no âmbito curricular e as que são desenvolvidas no seu exterior que contribuem para que os alunos adquiram conhecimentos, capacidades, atitudes e valores consagrados no currículo em vigor.
Estou ciente de que quanto a rede escolar, Moçambique é um país pobre e sem recursos suficientes para apetrechar as escolas mas acredito que mesmo de baixo de uma árvore é possível decorrer um processo de ensino-aprendizagem maduro desde que haja vontade por parte do director da escola e professores da mesma. Penso que o Ministério de Educação deveria apostar intensivamente na formação de professores e de gestores escolares e na capacitação dos que já estão no campo de trabalho. Que crie estratégias para assegurar e apoiar o professor na sua identificação com a carreira para que execute as suas tarefas com motivação e comprometimento.
Só para terminar, sublinhar que com os poucos recursos materiais que Moçambique tem, é possível garantir uma educação de qualidade aos alunos desde que se aposte na formação e capacitação dos recursos humanos que garantem a existência da escola. Portanto, há uma necessidade de quem é de direito redobrar esforços criando mecanismos adequados para solucionar os problemas aqui levantados e muitos outros que contribuem para o insucesso educativo.


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